Portugueses e brasileiros ambicionam mais justiça e qualidade de vida, revela estudo (publicado em O Observador – 05/09/22)

O estudo teve como objetivo analisar o conhecimento e percepções de brasileiros e portugueses sobre os 200 anos da independência. Os inquiridos ambicionam “um país mais justo e com mais igualdade”.

Os brasileiros estão mais otimistas que os portugueses sobre a evolução da situação económica nos próximos 12 meses, mas o que mais ambicionam para o futuro é justiça e e qualidade de vida, segundo um estudo divulgado hoje.

O estudo, patrocinado pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), em parceria com o Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) teve como objetivo investigar o conhecimento e perceções de brasileiros e portugueses sobre os 200 anos da independência daquela nação sul-americana e sobre os dois países, assim como quais as expectativas e aspirações que têm para Portugal e Brasil nos próximos anos.

Uma análise que se baseou num questionário feito a um universo de 800 portugueses em Portugal e 800 brasileiros no seu respetivo país.

Quando questionados sobre o que mais ambicionavam no futuro para o seu país, 55% dos inquiridos brasileiros não tiveram dúvidas em responder, em primeiro lugar, “um país mais justo e com mais igualdade entre as pessoas” e 47% referiu, em segundo lugar, “com mais qualidade de vida”.

Quanto aos portugueses, 60% colocaram em primeiro lugar entre as suas ambições futuras para o país, uma nação que ofereça “mais qualidade de vida” aos seus cidadãos e em segundo lugar 53% dos inquiridos apontou a aspiração de ter um país mais justo e com mais igualdade entre as pessoas.

Sobre expectativas quanto a determinados aspetos da economia no Brasil e em Portugal para os próximos 12 meses, num contexto eleitoral, os brasileiros mostram-se mais otimistas que os portugueses em aspetos específicos do próprio país, como por exemplo em relação ao aumento dos salários e poder de compra e ao crescimento da economia.

Para 35% dos brasileiros, os salários e o poder de compra no seu país vão aumentar e para 30% vão ficar iguais, mas para 46% deles a economia brasileira vai crescer.

Dos inquiridos portugueses, para 64% os salários e o poder de compra vão diminuir e para 82% a inflação e o custo de vida subirá e para 43% o crescimento da economia portuguesa quebrará.

Embora com rankings diferentes, ainda de acordo com o estudo, saúde, emprego ou rendimento e custo de vida e violência são as preocupações sociais mais relevantes e comuns a brasileiros e portugueses.

Assim, 61% dos brasileiros colocou em primeiro lugar a saúde como principal preocupação para o futuro e 52% referiu em segundo lugar o emprego e rendimento.

Já no caso dos portugueses, 75% referiu a inflação e o custo de vida como a primeira preocupação e 62% apontou a saúde em segundo lugar, mas 56% também refere logo em terceiro lugar o emprego e rendimento.

Sobre as características mais positivas de uns e de outros, os brasileiros consideram os portugueses disciplinados, trabalhadores, conservadores, religiosos e sinceros, enquanto os portugueses destacam a alegria, a religiosidade e a criatividade dos brasileiros.

Quanto à forma como se sentem informados sobre “o país irmão“, a maioria dos inquiridos quer do lado do Brasil quer do lado português, consideram estar “bem” ou “mais ou menos informados”, com 81% dos inquiridos em Portugal a dar uma resposta positiva àquela questão e 69% brasileiros também a considerarem-se bem ou mais ou menos informados.

Dos inquiridos brasileiros, os que sentem mais mal informados sobre Portugal são os mais velhos, aqueles com menor escolaridade e menor rendimento e os residentes no Nordeste e no Sul.

Já em Portugal, são os mais jovens e os residentes no Sul e no Centro do país que se consideram menos informados.

Passados 200 anos de independência, que se assinalam na próxima quarta-feira, a grande maioria dos brasileiros e mais de metade dos portugueses consideram que as consequências da escravidão de negros e indígenas durante a colonização do Brasil ainda “podem ser sentidas até hoje”, revela também o estudo.

No Brasil, esses números ultrapassam 70% em todos os estratos sócio-económicos dos inquiridos. Em Portugal, chegam aos 60% ou mais entre as mulheres, os mais jovens, na escolaridade mais alta e na região do Centro

A pesquisa para este estudo foi realizada entre 9 e 21 de agosto de 2022, tendo uma amostra a nível nacional de 800 entrevistados em Portugal e outros 800 no Brasil, representativa da população adulta, de 18 anos e mais, de cada país e de várias regiões. A abordagem aos entrevistados foi feita através de entrevistas telefónicas e online, de acordo com a ficha técnica do documento.

A margem de erro máximo estimada é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos nas amostras nacionais de 800 entrevistados, com a utilização de um intervalo de confiança de 95,5%, acrescenta o documento.

O coordenador e impulsionador deste estudo foi António Lavareda, cientista político e escritor brasileiro, especialista em comportamento eleitoral e marketing político e pioneiro, no Brasil, nos estudos teóricos e na utilização de ferramentas de neuropolítica.

António Lavareda, além de diretor-presidente da MCI-Estratégia, é presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Económicas (IPESPE)e fundador do Laboratório de Neurociência Aplicada (NeuroLab).

O instituto de Pesquisa Pitagórica fez a parte portuguesa do estudo e o IPESPE fez a parte brasileira do estudo.

Link para a matéria original: https://observador.pt/2022/09/05/portugueses-e-brasileiros-ambicionam-mais-justica-e-qualidade-de-vida-revela-estudo/